terça-feira, 2 de agosto de 2011

Descobertas duas novas bases de DNA

Durante anos, cientistas consideraram que o DNA (ácido desoxirribonucleico) era composto apenas por quatro unidades: adenina, guanina, timina e citosina. Ainda na história recente, a lista expandiu para seis.
Agora, investigadores da Universidade da Carolina do Norte (UCN), nos Estados Unidos, afirmam ter descoberto a sétima e oitava base do DNA.As duas 'novas' bases (5-formilcitosina e 5-carboxilcitosina) são versões da citosina que foram modificadas por proteínas Tet, entidades moleculares que se acredita terem um papel importante na desmetilação do ADN e na reprogramação das células-tronco.
Em entrevista ao Ciência Hoje, João Pedro de Magalhães, do Instituto de Biologia Integrativa, Universidade de Liverpool, Reino Unido, afirma que “o termo ‘sétima e oitava bases’ é excessivo”.

Para o investigador português, o que os cientistas da UNC descobriram foram duas novas variantes da citosina, uma das bases do DNA.“Já se sabe há bastante tempo que a citosina pode ser metilada; a metilação é uma modificação química que pode modificar os padrões de expressão genética, por exemplo durante o desenvolvimento, envelhecimento, ou devido a hábitos alimentares”, explica.“Sabe-se também que a citosina metilada pode ser convertida por um tipo de proteínas chamadas Tet de volta à citosina sem ser metilada. Este processo envolve três tipos de citosina modificada que são intermediários na reacção. Até agora, só um deles era conhecido e o que os cientistas da UNC identificaram foram os outros dois tipos de citosina modificada”, continua.“Eles mostraram também que a citosina modificada ocorre em células estaminais embrionárias e tecidos de ratinho”, acrescenta.João Pedro de Magalhães considera que “o impacto desta descoberta ainda não é claro” porque “ainda não se sabe se os intermediários entre citosina normal e citosina metilada têm alguma função importante no organismo”.No entanto, “como a metilação da citosina é importante numa variedade de processos e doenças (como o cancro), é possível que esta descoberta leve ao desenvolvimento de melhores métodos para manipular a metilação da citosina, o que pode no futuro permitir novos tratamentos”, conclui.


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